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16/01/2014

Entre parênteses

Graça (aquela professora de português) estava errada sobre nossa língua. Seus erros induziram meu ódio pelo português, que, hoje, ainda existe. Mas ela foi a principal responsável por abolir o uso do parêntese (elemento indispensável) da minha vida. Criticava a forma (duvidosa) como eu escrevia. Graça dizia que parêntese é coisa de amador, de escritor descomprometido e vício daqueles que sempre estão tentando explorar o seu auto pensamento, como se as pessoas fizessem questão de se apropriar dele.

Minhas redações e provas sempre vinham com gigantescos traços vermelhos. Sua teoria sobre parêntese era como se tudo na vida tivesse apenas um só sentido (intenção comunicativa). E tem? Acredito que todos nós sempre estamos querendo dizer algo a mais (através da voz da verdade); por detrás de uma inocente palavra. 

Essa está longe de ser uma crítica (e não pense que é) sobre o uso do parêntese. Não estou defendendo o uso demasiado, mas aproveito o ensejo para garantir a minha liberdade de escrita. Cresci ouvindo o que devo evitar, mas é evidente que o que vai ser melhor para mim pode não ser melhor para o outro. Abolir o parêntese quebrou tanto meu círculo vicioso, como aprisionou minha criatividade na infância, já que antes eu brincava de contá-los durantes minha escrita. Era bem divertido na época (eu via graça naquilo que fazia).

A questão é que os sentidos existem. Não existe é mão única. Pausas, pontos, parágrafos e vírgulas, também, imprimem no texto aquilo que as palavras estão longe de expressar (no seu sentido único). A multiplicidade faz parte da vida. Portanto, quanto mais conheço o significado das palavras, sei que minhas análises ficam insípidas. Porque elas sempre estarão carregadas de outras significações, que eu nunca saberei.

Agora o sentido de brincar com palavras entre parênteses é outro bem diferente, do atual, com hashtag. 

#entãoabreparêntese.

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