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19/11/2013

Ofício: Devorador de Letras e Papéis

Quer se tornar um escritor? Pare de tentar. Quantos textos estão sendo produzidos por minuto? Milhares de milhares. Quantos deles serão publicados? Talvez um, ou mesmo nenhum. O seu texto pode ser um desses borrões escritos. Mas, não se preocupe! Certamente, você produzirá muitos outros ao longo de toda a sua vida.
Aqueles que se lançam no mundo da escrita, comumente, ficam ensandecidos com notícias referentes a jovens escritores que saíram do anonimato. A pressão aumenta, ainda mais, quando descobrem que determinado autor não chega nem perto dos seus níveis acadêmicos e experiências acumuladas. Pasme. Essa é a realidade da vida.
Todos querem falar, ou melhor, escrever. Não porque ficou mais fácil. Muito pelo contrário. Escrever bem é extremamente difícil. Mas porque, hoje, todos detêm esse poder nas mãos: a liberdade de escrita. Não existem filtros, principalmente, no mundo cibernético. Você diz o que quiser sobre determinado assunto. Basta um clique, para alcançar o mundo pela tela do computador.
Contudo, a enxurrada de escritores anônimos cresce na mesma proporção, que o bloqueio criativo afeta os aspirantes a escritores na hora da escrita. Aqueles que estão arduamente tentando. O problema é que eles estão, cada vez mais, preocupados em ser alguém. Deixaram que as pressões do mundo os afetassem, transformando o ofício, sublime e prazeroso, em extremamente estressante.
Por isso, estamos imersos num indecifrável cosmo de letras de músicas não lançadas, livros não publicados, roteiros engavetados, poemas queimados e uma infinidade de palavras jogadas no buraco negro da Internet. Mas o grande culpado está, agora, sentado atrás da tela. Roendo as unhas e amassando papéis. Porque se deixou abater pela voz do anonimato. Hoje, seu hobby é mirar os cometas passando à sua frente.
Caso você se encaixe nesse perfil, saiba que, provavelmente, mais da metade dos seus textos mal escritos irão parar no fundo da gaveta. Mas, e daí? Talvez sejam necessários mais vinte anos de vida para escrever algo realmente digno. Contudo, enquanto não se chegar lá, importa bem mais desbastar as arrestas de sua mente e escrever compulsivamente.
O estrelado é apenas um degrau escorregadio. Você tem é que segurar no corrimão da vida. E tornar evidente, para si mesmo, que o ato de que escrever é puro trabalho árduo. Um nadador precisa nadar, cada vez mais rápido, para atravessar uma piscina em tempo hábil. Um jogador necessita treinar chutes precisos, para acerta o gol na hora da partida. Escritores de verdade devoram letras e papel, para alimentar a alma.
Escrever não é inspiração, nem tampouco só técnica, mas muito papel rasgado, inúmeros textos escritos, palavras flutuantes, noites mal dormidas, altas doses de cafeína e autores cometas pisando no seu orgulho. Escritores de verdade nunca deixam de escrever. Portanto, continue escrevendo a droga do texto e pare de mirar os cometas.

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