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11/06/2013

Ondas da memória

Olhando bem, para dentro de mim, percebo que já me esqueci de boa parte dos tempos de escola, das matérias que eu mais gostava, do aniversário da minha paixão secreta, do telefone da minha melhor amiga no fundamental, dos garotos que me importunavam, das garotas mais bonitas que me faziam odiar minha aparência, até dos professores lembro-me de apenas de três. Provavelmente esquecerei aos poucos o que ainda resta.

Sei que, não adianta, reescrever as memórias, pois elas escorrem lentamente. Por isso, tenho certeza de que vagarosamente me esquecerei do gosto das coisas, que um dia realmente me machucaram. Daquilo que, por segundos, dias, semanas, meses e, até por anos, me deixaram extremamente infeliz. Até o que eu imaginava que jamais esqueceria, aos poucos, vai se dissipando.

Já não consigo me lembrar da última vez que partiram meu coração, dos detalhes que tornaram esse dia escuro, nem da primeira vez que eu disse “adeus”, das primeiras promessas de amor e, nem de longe, as que não foram cumpridas. Porque as ondas da memória se tornaram cada vez mais fracas com o passar do tempo. Ora invadem a mente com recordações, noutra arrastam o passado para o esquecimento.

Mas é exatamente por esta razão, que é possível esquecer certas lembranças para se permitir arriscar, outra vez, no futuro. Agora, estou exatamente onde deveria: do seu lado. Por isso, construirei o máximo de boas lembranças que eu puder. Pois, embora, a memória venha me trair. Você possa estar preso, aqui, dentro de mim.

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